quarta-feira, 11 de junho de 2008

Engodo em serpenteio

Do veneno uterino ciclicamente calculista,
nasce essa prisão de seres procriadores.
Albarda-se o futuro a ponto de cruz,
em cores subordinadamente ferozes.
Montam-se tapetes de vida alheia,
à medida dos tacões de quem os tece.
Abrem-se portas esbarradas em paredes,
falsos abraços e ternuras queimadas.
Usando o berbigão como isco.
Umbigo do mundo.

1 comentário:

José Miguel de Oliveira disse...

...às vezes o longe se faz perto, outras o perto se faz longe. No palco do mundo, há muitos espectadores: aqueles que assistem ao espectáculo por assistir - assistem porque lhes ofereceram convite e não têm outra coisa mais interessante para fazer; os que entram no teatro enganados pensando que iam assistir a uma comédia e que acabam por participar no coro da tragédia; os que compram bilhete por antecipação pensando ser a única oportunidade para assistir aquele teatro; os que nunca vão ao teatro, mas adoram cinema com efeitos especiais e compram pipocas e coca-cola; os que nunca sequer imaginaram que a vida inteira é o seu palco principal e só representam quando fingem orgasmos ou um sorriso amarelo de bom dia quando se cruzam com no pequeno almoço com o companheiro(a) ou o colega de trabalho. Não sei concretamente qual destes palcos é o meu.Talvez tenha uma máscara para cada uma das situações em que não sou o autor da peça.Às vezes estamos longe de imaginar participar em qualquer teatro.Deixamo-nos ficar na beirinha para não sermos chamados a intervir (não é nada comigo, eu só estou aqui a assitir,eu sou bem comportado, tive boa escola, bons princípios, estou a assitir como quem fica em casa com medo dos holligans do futebol).
Puro engano. Sem querer todos somos chamados a entrar em cena. Não adianta ter medo do palco porque ele está sempre à nossa espera. O palco é a vida e a palavra apenas a capaciade de a representar.
Teu amigo.