quarta-feira, 30 de abril de 2008

Manual Psiquiátrico

Continua a fazer escolhas
Em função do que esperas
Não vivas a experiência do momento,
Que é a vida
Não te sacrifiques ao que amas,
E vives.
Escolhe o que esperas mas não vives,
Vive iludido
serás assim feliz?
Se
se… então?
Impressiona a vida!
tens
e valoriza o que, no quadro do mundo,
faz sentido na tua visão.
Se rasgas as amarras do cais,
não cais, no mar revolto novamente.
Apenas lago tranquilo e luminoso,
Alma gémea confessa,

Paz, serenidade, eros químico-eco-lógica.

Uma Hipótese

A METÁFORA DE NEURATH

Somos como marinheiros obrigados a reparar o seu barco no alto mar, sem qualquer possibilidade de desmontar todas as peças e de o reconstruir em doca seca.
Otto Neurath, Enunciados Protocolares





Para quem já sabe algo
Raramente duvida

Mas…

Quando algumas das nossas crenças
Num abalo sísmico se flectem
Há sempre um tijolo que cai
.alguma coisa em que eu acreditava não funciona
O casco é afectado com o contacto
Vamos ver o rombo
É isolado, coisa pequena
E o sistema de crenças fica de novo restabelecido
Há um rombo grande?
Todo o sistema é abalado
.nada funciona, então
Há que revê-lo, impossível
Sem parar
A presunção acerca da verdade de uma crença só é possível na relação com a verdade de todas as outras crenças desse sistema. A revisão total afunda o barco. Em algo se acredita: o que funda o coerente.



Acredito que consigo atravessar oceanos (contigo).


A hipótese só é viável num todo coerente.


A hipótese é: nós!

Vida

E..
.entre .cheiros de cinzeiros podres
A simples emergência do puro
.confusão alterna preocupação
Água na boca, limão
Quente e frio
.medo do altruísmo autoflageladedor
Praia deserta
Mexilhão, poesia de balão e bolina
Mão na mão
Transpondo a imensidão rochosa

.conta-gotas de amargo .aperto
Se deixado no mar e vivo
Na areia aconchegado o cheiro
A maré sorrindo à brisa
Será dádiva em estertor
Conversão autêntica
Sentido da vida, fé
Destino e cuidado de si
Nascimento na espuma
?se viver só .conforme
.pária .de outrem sufoco . assim sufoco
Janela aberta e tom
Voz de sorriso mágico elíptico
Megafrenia emocional ascendente
Falésia de aromas em queda
Penetrante ondulação
Boca serena à espera
Pousada oceânica e pacífica
Tempestade amiga de suor

Oportunidade única

Vida

De: "Dois em Um Aquático Invertido"

terça-feira, 29 de abril de 2008

Soneto de Mal-Amar

Invento-te recordo-te distorço
a tua imagem mal e bem amada
sou apenas a forja em que me forço
a fazer das palavras tudo ou nada

A palavra desejo incendiada
lambendo a trave mestra do teu corpo
a palavra ciúme atormentada
a provar-me que ainda não estou morto.

E as coisas que eu não disse? Que não digo:
Meu terraço de ausência meu castigo
meu pântano de rosas afogadas.

Por ti me reconheço e contradigo
chão das palavras mágoa joio e trigo
apenas por ternuras levedadas.

José Carlos Ary dos Santos